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Para além da curtição geral, alguns temas do CParty-BR seguiram ecoando na blogosfera. Um deles é o já batido papo blogueiros x jornalistas, turbinado divertidamente pelo bizarro aquário da mídia.
Reverberou bem menos um debate a meu ver muito mais relevante, que envolve a necessária mobilização da rede para uma ação política em torno do ativismo digital. O clima do evento me parecia propício, e neste sentido tentei levantar a bola incluíndo um item sobre Ecologia Digital no BarCamp dos blogs proposto pelo Avório. A provocação era mais ou menos esta:
Além da questão da propriedade intelectual, outros aspectos como democratização do acesso à rede, promoção da digitalização dos acervos públicos, livre acesso ao conhecimento científico disponível, e a promoção de tecnologias livres para a coleta, organização, disponibilização, comunicação, agregação e uso colaborativo da informação também seriam aspectos importantes para um ativismo digital. O fato é que este conjunto de temas interconexos não encontra lugar no debate popular ou no entendimento político, e neste contexto é que surge a Ecologia Digital, exercitando uma analogia com o movimento ambientalista. Sob o conceito do "ambientalismo", nos anos 70, diferentes grupos com diferentes interesses (algumas vezes contraditórios) puderam se organizar de forma efetiva em torno de uma ampla coalizão política. É exatamente isto que precisamos agora na rede - uma abordagem que possa efetivamente apresentar as questões relevantes e promover o debate que irá ativar o movimento de defesa do domínio público e dos avanços e liberdades viabilizadas pelo surgimento da Internet.Ao que parece, a proposta de desconferência via wiki do Avório era estruturada demais para o ritmo alucinante da galera presente, que se mostrou mais afeita ao fluxo emergente do livestream poweredby twitter. Portanto o papo da ecologia digital não rolou no cparty, mas a manifestação contra a "lei azeredo" mostrou que a mobilização é viável. Outras intervenções como a do ministro Gil sobre a proibição do Counter Strike ("vocês tem que reclamar!!"), e o comentário de Pedro Doria registrado na entrevista com o Dpadua reforçam a tese de que a mobilização dos interessados é o primeiro passo:
“…articulação política não existe no vácuo… Se muito eleitor está cobrando uma coisa, a coisa acontece… a mobilização não tem que vir dos políticos, tem que vir de baixo.”
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Ainda sobre mobilizações e princípios, vale registrar uma provocação pitoresca sobre o paradoxo entre os conceitos que norteiam um evento como o Campus Party e a atuação de mercado de sua principal patrocinadora, a Telefônica. Nem tanto pela contradição entre software livre / monopólio da telefonia fixa mencionada no post, mas certamente pela recente atuação da Telefônica na aliança contra o P2P na Espanha, o que compromete seriamente a posição da operadora no debate sobre a neutralidade da rede. Fica aqui a dúvida sobre as intenções e o escopo do p4p -- inciativa de upgrade do p2p das gigantes AT&T e Verizon, acompanhada por gente do ramo como LimeWire e BitTorrent, e apoiado pela... Telefônica. Vamos acompanhar.
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