Guia Foca GNU/Linux
Capítulo 4 - Discos e Partições
Este capítulo traz explicações de como manipular discos rígidos e partições no sistema GNU/Linux
e como acessar seus discos de CD-ROM e partições DOS
, Windows 95/98
no GNU/Linux
.
4.1 Partições
São divisões existentes no disco rígido que marcam onde começa onde termina um sistema de arquivos. Por causa destas divisões, nós podemos usar mais de um sistema operacional no mesmo computador (como o GNU/Linux
, Windows
e DOS
), ou dividir o disco rígido em uma ou mais partes para ser usado por um único sistema operacional.
4.2 Formatando disquetes
As subseções seguintes explicarão maneiras de formatar seus disquetes para serem usados no GNU/Linux
e DOS/Windows
.
4.2.1 Formatando disquetes para serem usados no Linux
Para formatar disquetes para serem usados no GNU/Linux
use o comando:
mkfs.ext2 [-c] [/dev/fd0]
Em alguns sistemas você deve usar mke2fs
no lugar de mkfs.ext2
. A opção -c faz com que o mkfs.ext2
procure por blocos danificados no disquete e /dev/fd0
especifica a primeira unidade de disquetes para ser formatada (equivalente a A: no DOS). Mude para /dev/fd1
para formatar um disquete da segunda unidade.
OBS: Este comando cria um sistema de arquivos ext2 no disquete que é nativo do GNU/Linux
e permite usar características como permissões de acesso e outras. Isto também faz com que o disquete NÃO possa ser lido pelo DOS/Windows
. Para formatar um disquete no GNU/Linux
usando o FAT12 (compatível com o DOS/Windows) veja próxima seção.
Exemplo: mkfs.ext2 -c /dev/fd0
4.2.2 Formatando disquetes compatíveis com o DOS/Windows
A formatação de disquetes DOS
no GNU/Linux
é feita usando o comando superformat
que é geralmente incluído no pacote mtools
. O superformat
formata (cria um sistema de arquivos) um disquete para ser usado no DOS
e também possui opções avançadas para a manipulação da unidade, formatação de intervalos de cilindros específicos, formatação de discos em alta capacidade e verificação do disquete.
superformat [opções] [dispositivo]
- dispositivo
- Unidade de disquete que será formatada. Normalmente
/dev/fd0
ou/dev/fd1
especificando respectivamente a primeira e segunda unidade de disquetes. - opções
- -v [num]
- Especifica o nível de detalhes que serão exibidos durante a formatação do disquete. O nível 1 especifica um ponto mostrado na tela para cada trilha formatada. Veja a página de manual do
superformat
para detalhes. - -superverify
- Verifica primeiro se a trilha pode ser lida antes de formata-la. Este é o padrão.
- --dosverify, -B
- Verifica o disquete usando o utilitário
mbadblocks
. Usando esta opção, as trilhas defeituosas encontradas serão automaticamente marcadas para não serem utilizadas. - --verify_later, -V
- Verifica todo o disquete no final da formatação.
- --noverify, -f
- Não faz verificação de leitura.
Na primeira vez que o superformat
é executado, ele verifica a velocidade de rotação da unidade e a comunicação com a placa controladora, pois os discos de alta densidade são sensíveis a rotação da unidade. Após o teste inicial ele recomendará adicionar uma linha no arquivo /etc/driveprm
como forma de evitar que este teste seja sempre executado. OBS: Esta linha é calculada de acordo com a rotação de usa unidade de disquetes, transferência de dados e comunicação com a placa controladora de disquete. Desta forma ela varia de computador para computador Note que não é necessário montar a unidade de disquetes para formata-la.
Segue abaixo exemplos de como formatar seus disquetes com o superformat
:
- superformat /dev/fd0 - Formata o disquete na primeira unidade de disquetes usando os valores padrões.
- superformat /dev/fd0 dd - Faz a mesma coisa que o acima, mas assume que o disquete é de Dupla Densidade (720Kb).
- superformat -v 1 /dev/fd0 - Faz a formatação da primeira unidade de disquetes (
/dev/fd0
) e especifica o nível de detalhes para 1, exibindo um ponto após cada trilha formatada.
4.2.3 Programas de Formatação Gráficos
Além de programas de formatação em modo texto, existem outros para ambiente gráfico (X11) que permitem fazer a mesma tarefa.
Entre os diversos programas destaco o gfloppy
que além de permitir selecionar se o disquete será formatado para o GNU/Linux
(ext2) ou DOS
(FAT12), permite selecionar a capacidade da unidade de disquetes e formatação rápida do disco.
4.3 Pontos de Montagem
O GNU/Linux
acessa as partições existente em seus discos rígidos e disquetes através de diretórios. Os diretórios que são usados para acessar (montar) partições são chamados de Pontos de Montagem. Para detalhes sobre montagem de partições, veja Montando (acessando) uma partição de disco, Seção 4.5.
No DOS
cada letra de unidade (C:, D:, E:) identifica uma partição de disco, no GNU/Linux
os pontos de montagem fazem parte da grande estrutura do sistema de arquivos raiz.
4.4 Identificação de discos e partições em sistemas Linux
No GNU/Linux
, os dispositivos existentes em seu computador (como discos rígidos, disquetes, tela, portas de impressora, modem, etc) são identificados por um arquivo referente a este dispositivo no diretório /dev
.
A identificação de discos rígidos no GNU/Linux
é feita da seguinte forma:
/dev/hda1
| | ||
| | ||_Número que identifica o número da partição no disco rígido.
| | |
| | |_Letra que identifica o disco rígido (a=primeiro, b=segundo, etc...).
| |
| |_Sigla que identifica o tipo do disco rígido (hd=ide, sd=SCSI, xt=XT).
|
|_Diretório onde são armazenados os dispositivos existentes no sistema.
Abaixo algumas identificações de discos e partições em sistemas Linux:
- /dev/fd0 - Primeira unidade de disquetes.
- /dev/fd1 - Segunda unidade de disquetes.
- /dev/hda - Primeiro disco rígido na primeira controladora IDE do micro (primary master).
- /dev/hda1 - Primeira partição do primeiro disco rígido IDE.
- /dev/hdb - Segundo disco rígido na primeira controladora IDE do micro (primary slave).
- /dev/hdb1 - Primeira partição do segundo disco rígido IDE.
- /dev/sda - Primeiro disco rígido na primeira controladora SCSI.
- /dev/sda1 - Primeira partição do primeiro disco rígido SCSI.
- /dev/sdb - Segundo disco rígido na primeira controladora SCSI.
- /dev/sdb1 - Primeira partição do segundo disco rígido SCSI.
- /dev/sr0 - Primeiro CD-ROM SCSI.
- /dev/sr1 - Segundo CD-ROM SCSI.
- /dev/xda - Primeiro disco rígido XT.
- /dev/xdb - Segundo disco rígido XT.
As letras de identificação de discos rígidos podem ir além de hdb, em meu micro, por exemplo, a unidade de CD-ROM está localizada em /dev/hdg
(Primeiro disco - quarta controladora IDE).
É importante entender como os discos e partições são identificados no sistema, pois será necessário usar os parâmetros corretos para monta-los.
4.5 Montando (acessando) uma partição de disco
Você pode acessar uma partição de disco usando o comando mount
.
mount [dispositivo] [ponto de montagem] [opções]
Onde:
- dispositivo
- Identificação da unidade de disco/partição que deseja acessar (como /dev/hda1 (disco rígido) ou /dev/fd0 (primeira unidade de disquetes).
- ponto de montagem
- Diretório de onde a unidade de disco/partição será acessado. O diretório deve estar vazio para montagem de um sistema de arquivo. Normalmente é usado o diretório
/mnt
para armazenamento de pontos de montagem temporários. - -t [tipo]
- Tipo do sistema de arquivos usado pelo dispositivo. São aceitos os sistemas de arquivos:
- ext2 - Para partições
GNU/Linux
usando o Extended File System versão 2 (a mais comum). - ext3 - Para partições
GNU/Linux
usando o Extended File System versão 3, com suporte a journaling. - reiserfs - Para partições reiserfs, com suporte a journaling.
- vfat - Para partições
Windows 95
que utilizam nomes extensos de arquivos e diretórios. - msdos - Para partições
DOS
normais. - iso9660 - Para montar unidades de
CD-ROM
. É o padrão. - umsdos - Para montar uma partição
DOS
com recursos de partiçõesEXT2
, como permissões de acesso, links, etc.
Para mais detalhes sobre opções usadas com cada sistema de arquivos, veja a página de manual mount.
- ext2 - Para partições
- -r
- Caso for especificada, monta a partição somente para leitura.
- -w
- Caso for especificada, monta a partição como leitura/gravação. É o padrão.
Existem muitas outras opções que podem ser usadas com o comando mount
, mas aqui procurei somente mostrar o básico para "montar" seus discos e partições no GNU/Linux
(para mais opções, veja a página de manual do mount). Caso você digitar mount sem parâmetros, serão mostrados os sistemas de arquivos atualmente montados no sistema. Esta mesma listagem pode ser vista em /etc/mtab
. A remontagem de partição também é muito útil, especialmente após reparos nos sistema de arquivos do disco rígido. Veja alguns exemplos de remontagem abaixo.
É necessário permissões de root para montar partições, a não ser que tenha especificado a opção user no arquivo /etc/fstab
(veja fstab, Seção 4.5.1).
Exemplo de Montagem:
- Montar uma partição Windows (vfat) de
/dev/hda1
em/mnt
somente para leitura: mount /dev/hda1 /mnt -r -t vfat - Montar a primeira unidade de disquetes
/dev/fd0
em/floppy
: mount /dev/fd0 /floppy -t vfat - Montar uma partição DOS localizada em um segundo disco rígido
/dev/hdb1
em/mnt
: mount /dev/hdb1 /mnt -t msdos. - Remontar a partição raíz como somente leitura: mount -o remount,rw /
- Remontar a partição raíz como leitura/gravação (a opção -n é usada porque o
mount
não conseguirá atualizar o arquivo/etc/mtab
devido ao sistema de arquivos/
estar montado como somente leitura atualmente: mount -n -o remount,rw /.
4.5.1 fstab
O arquivo /etc/fstab
permite que as partições do sistema sejam montadas facilmente especificando somente o dispositivo ou o ponto de montagem. Este arquivo contém parâmetros sobre as partições que são lidos pelo comando mount
. Cada linha deste arquivo contém a partição que desejamos montar, o ponto de montagem, o sistema de arquivos usado pela partição e outras opções. fstab
tem a seguinte forma:
Sistema_de_arquivos Ponto_de_Montagem Tipo Opções dump ordem
/dev/hda1 / ext2 defaults 0 1
/dev/hda2 /boot ext2 defaults 0 2
/dev/hda3 /dos msdos defaults,noauto,rw 0 0
/dev/hdg /cdrom iso9660 defaults,noauto 0 0
Onde:
- Sistema de Arquivos
- Partição que deseja montar.
- Ponto de montagem
- Diretório do
GNU/Linux
onde a partição montada será acessada. - Tipo
- Tipo de sistema de arquivos usado na partição que será montada. Para partições
GNU/Linux
use ext2, para partiçõesDOS
(sem nomes extensos de arquivos) use msdos, para partiçõesWin 95
(com suporte a nomes extensos de arquivos) use vfat, para unidades de CD-ROM use iso9660. - Opções
- Especifica as opções usadas com o sistema de arquivos. Abaixo, algumas opções de montagem para ext2/3 (a lista completa pode ser encontrada na página de manual do
mount
):- defaults - Utiliza valores padrões de montagem.
- noauto - Não monta os sistemas de arquivos durante a inicialização (útil para CD-ROMS e disquetes).
- ro - Monta como somente leitura.
- user - Permite que usuários montem o sistema de arquivos (não recomendado por motivos de segurança).
- sync é recomendado para uso com discos removíveis (disquetes, zip drives, etc) para que os dados sejam gravados imediatamente na unidade (caso não seja usada, você deve usar o comando sync, Seção 8.22 antes de retirar o disquete da unidade.
- dump
- Especifica a frequência de backup feita com o programa
dump
no sistema de arquivos. 0 desativa o backup. - Ordem
- Define a ordem que os sistemas de arquivos serão verificados na inicialização do sistema. Se usar 0, o sistema de arquivos não é verificado. O sistema de arquivos raíz que deverá ser verificado primeiro é o raíz "/" .
Após configurar o /etc/fstab
, basta digitar o comando mount /dev/hdg ou mount /cdrom para que a unidade de CD-ROM seja montada. Você deve ter notado que não é necessário especificar o sistema de arquivos da partição pois o mount
verificará se ele já existe no /etc/fstab
e caso existir, usará as opções especificadas neste arquivo. Para maiores detalhes veja as páginas de manual fstab
e mount
.
4.6 Desmontando uma partição de disco
Para desmontar um sistema de arquivos montado com o comando umount
, use o comando umount
. Você deve ter permissões de root para desmontar uma partição.
umount [dispositivo/ponto de montagem]
Você pode tanto usar umount /dev/hda1 como umount /mnt para desmontar um sistema de arquivos /dev/hda1
montado em /mnt
.
Observação: O comando umount
executa o sync
automaticamente no momento da desmontagem para garantir que todos os dados ainda não gravados serão salvos.
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